Palavra do presidente

Antes de tudo, separo algumas linhas para dizer que é uma honra e um privilégio para mim e para minha diretoria estarmos assumindo a direção da Associação Médica Brasileira no Maranhão para o triênio 2021-2023. Nos últimos 81 anos, esta Associação vem perseguindo a missão de promover, por todos os meios ao seu alcance, o desenvolvimento científico, cultural e social da Medicina do nosso estado, além de congregar e defender a classe médica, lutando pela união de seus filiados, com a observância das normas que prescrevem a ética profissional.

Para responder a pergunta do início do artigo, vou partir do ponto de que o momento atual, a classe médica enfrenta momentos difíceis, por causa da emergência epidemiológica devido ao avanço da COVID- 19. O país conta com um total de 523.528 registros ativos de médicos nos 27 Conselhos Regionais de Medicina. Somente de janeiro a maio de 2020, o Brasil passou a contar com 9.653 novos médicos. São profissionais que concluíram sua graduação em escolas do país e fizeram seus registros nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Apenas três estados – São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais – concentram 37,1% desse total.

Desde 2000, um total de 280.948 egressos deixaram as escolas médicas brasileiras. Descontando-se 29.584 baixas nos cadastros por motivos diversos (aposentadoria, óbito e cancelamento), essa população médica aumentou em 251.364 indivíduos naquele período.

Esse fenômeno de crescimento do contingente de profissionais resulta da abertura indiscriminada de novos cursos de Medicina e da ampliação de vagas em escolas médicas já existentes. Atualmente, o país conta com 341 escolas médicas em funcionamento, das quais 162 (47,5%) iniciaram suas primeiras turmas entre os anos de 2011 e 2019. O número total de vagas estimado em fevereiro era próximo de 36 mil vagas (de primeiro ano). Todos esses dados fazem parte do estudo Demografia Médica no Brasil, desenvolvido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), que deverá ser lançado ainda neste ano.

O aumento recente do número de novos médicos de médicos tem impacto na evolução da razão médicos por 1.000 habitantes, indicador útil para comparações regionais. O Brasil passou a ter 2,5 médicos por 1.000 habitantes. Essa razão é superior ao registrado na Coréia (2,3), Polônia (2,4), Japão (2,4) e México (2,4) e, ligeiramente, abaixo dos Estados Unidos (2,6), Canadá (2,8) e Reino Unido (2,9).

Internamente, os dados mostram que a distribuição dos médicos brasileiros é desigual entre os Estados. Há pelos menos oito estados com razão de profissionais por 1.000 habitantes igual ou superior ao índice brasileiro: Paraná (2,5), Minas Gerais (2,6), Santa Catarina (2,6), Espírito Santo (2,7), Rio Grande do Sul (2,9), São Paulo (3,2), Rio de Janeiro (3,7) e Distrito Federal (5,1). Para efeito de comparação, no Maranhão, este índice é de 1.08.

Diante do cenário descrito, que aponta um grande número absoluto de médicos, surge um questionamento:

Se não há falta de profissionais, por que então, em alguns locais, a relação entre eles e a população é menor do que a média nacional? A resposta está na fragilidade das condições de trabalho e de propostas do Governo que atraiam e fixem os médicos em áreas de difícil provimento. O histórico dos últimos anos é de terceirização e quarteirização dos serviços médicos, atrasos nos pagamentos e, muitas vezes, calotes.

A crise ocasionada pela pandemia que o Brasil está atravessando demonstrou, a quem se negava a acreditar, a importância de um sistema de saúde universal, garantindo o acesso com equidade e a atenção ao ser humano com integralidade.

A sociedade brasileira deve sair da zona de conforto e as instituições precisam sair do silêncio obsequioso para cobrar medidas do Congresso Nacional. Médicos e profissionais de saúde precisam servir ao SUS com plano de cargos, carreiras e vencimentos suficientemente decentes para atrair os potenciais candidatos. O caminho para o enfrentamento dessa situação é a união de todos os médicos e o fortalecimento de suas associações. Também expresso minha homenagem a todos os colegas médicos que perderam suas vidas no enfrentamento ou devido à COVID- 19, até ontem foram xxx387xxx no Brasil e xxx23xxx no Maranhão.

Muito obrigado!

Dr. José Albuquerque de Figueiredo Neto

Dr. José Albuquerque de Figueiredo Neto

Presidente

TRIÊNIO 2021-2023